terça-feira, 21 de junho de 2011

P R O T E S T O

                                     
Texto de Mary Trarbach

Tão majestosamente me ergo e orgulhosa eu vou ao encontro do céu.
Entre vizinhas tão belas como eu, sinto-me feliz, livre e altiva.
Louvando a Deus, faço minha parte.
Nasci de uma semente minúscula neste augusto solo amazonense, bem aqui entre olhos curiosos, seres maravilhosos, civilizados e respeitosos.
Orgulho-me na primavera, que contemplo e me presenteia.
A natureza, minha mãe amiga.
O sol meu aquecedor.
A lua minha cúmplice...
Para os pássaros dou abrigo, me visto de flores nos galhos,
sirvo alimento suculento em cachos.
Purifico seu ar, respirando o seu veneno.
Sou muito idosa e ainda ofereço minha sombra.
Todo dia observo os animais que brincam sem medo.
Daqui assisto tudo de belo...
Espere aí! Os bichinhos fogem assustados!
Hei! O que vejo ali adiante, o causador de tanto terror!
É o mais incivilizado dos seres, o homem se aproxima assassino!
Os animais fogem de seu agressor!
Oh! Meu Deus! Carrega na mão uma serra maldita.
Eu não posso me esconder, não tenho pernas para correr, não posso gritar por socorro... Sinto dor e medo, sou viva...
Queria dizer para serem puros e racionais, mas árvore não fala com humanos.
Vão nos derrubar para satisfazer sua ganância.
Não pensam no mal que irão causar, matando quem silenciosamente lhes protege?
Julga-se grande, mas não passa de nada!
Quando a natureza grita e os ventos sopram com violência, quando o céu se abre e derrama sua água, levando suas casas, quando os ruídos de fortes trovões fazem tremer seu coração ou quando os raios riscam o céu num espetáculo luminoso; sente-se então um ser minúsculo, como é. Aí pode se ver sua pequenez! Mas, como não raciocina, ao passar a tormenta, volta a sua insignificância e novamente persegue os indefesos que só trazem beleza para sua vida.
Está tentado destruir a natureza com sua ganância podre, com os vergonhosos dejetos que despejam nas águas que banham a terra e que mata sua sede, matando, destruindo a fauna e a flora, querendo impossibilitar sua geração de ter o privilégio de ter um mundo colorido...
Por mais que tente, não conseguirá, porque Deus, o Grande Artista que desenhou e criou a natureza, não permitirá. Ele se importa com ela e com seres humanos que ainda são capazes de amar.
Você terá sua recompensa, suas lágrimas não serão capazes de fazê-lo voltar para consertar as coisas. Seus erros, seus crimes de hoje, lhe reserva um futuro funesto, com pobreza...
A terra revoltada não produzirá mais alimentos, os rios poluídos, morrerão e a água do planeta será contada a conta-gotas. Os animais, suas vítimas fatais, serão apenas lembrados em fotos e seus filhos perguntarão se realmente houve um dia em que havia tanta beleza. Perguntarão o que aconteceu e você sem resposta só sentirá vergonha e fará nascer um novo rio com as lágrimas de sua geração.

Colatina, 19-06-1962.
Com 11 anos de idade, escrevi este protesto.
 ( Estou postando na íntegra, com erros comuns para uma menina de onze anos. Desculpe-me)






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